Emanuelle Oliveira
A suposta indicação vinda de Deus e direcionada a políticos, tanto justificar candidaturas quanto para conquistar o eleitorado se tornou um discurso comum, principalmente por aqueles que representam determinadas religiões.
Alguns afirmam até receber mensagens divinas para disputar eleições e para compor chapas, que podem mudar o cenário político, desarticulando antigas alianças eleitorais e formando outras.
Em Alagoas foi a vez do prefeito de Maceió, Cícero Almeida relatar o sinal que recebeu de Deus e que foi capaz de fazê-lo desistir da candidatura ao governo do Estado para as eleições deste ano,. A decisão era esperada com expectativa por eleitores, aliados políticos e pela oposição. Almeida pretende continuar a frente do Executivo Municipal e com isso, deixa o caminho livre para o ex-governador Ronaldo Lessa.
A candidatura de Almeida ao governo chegou a ser anunciada com base em previsões, feitas por babalorixás na virada de ano e foi aclamada por uma parcela da população maceioense, apesar do prefeito não ter a mesma popularidade em outros municípios, problema que poderia ser resolvido pelos políticos aliados, que têm suas bases no interior do Estado.
Durante entrevista coletiva concedida no último dia 01, Almeida afirmou que a decisão de não disputar o governo do Estado veio após diversas conversas que ele teve com Deus e reforçou que recebeu a mensagem divina há 8 dias, por volta das 11 horas. O prefeito de Maceió vai fazer parte do chamado ‘Chapão’, que tem como integrantes Renan Calheiros (PMDB), Fernando Collor (PTB), Ronaldo Lessa (PDT), Benedito de Lira (PP).
O chapão conta ainda, com o apoio do empresário João Lyra, que vem apoiando Almeida desde a primeira vez que ele foi eleito prefeito, em 2004. Almeidadisse ainda, que o PP estará no mesmo palanque do candidato do presidente Lula, que tem como pré-candidata, a atual ministra da Casa Civil, Dilma Roussef (PT).
“Deus me deu uma mensagem de orientação por meio de uma pessoa. Ela disse que Deus estaria ao meu lado no que eu decidisse. Foi neste momento que senti o direito de comunicar a população alagoana que em momento algum meu coração pediu que eu fosse governador”, contou.
Deus x política
O arcebispo de Maceió, Dom Antônio Muniz afirmou que a utilização do nome de Deus para fins políticos é algo indigesto e indevido, apesar de acreditar que no caso de Almeida isso aconteceu após uma reflexão pessoal, que não deve ser encarada como algo material e sim, espiritual.
Muniz disse ainda, que apenas eleitores mal informados trocariam seu voto por promessas justificadas pela vontade divina.
“É preciso entender o sentido figurativo das coisas para não fazer guerra em cima de uma expressão utilizada por todos. Muitos usam o nome de Deus em vão, mas é possível rever a consciência. Podemos fazer uma análise sob dois aspectos. O primeiro é acerca da linguagem, indigesta quando usada para fins políticos, é falta bom senso. Já o outro é encontrar respostas importantes, por meio da oração”, ressaltou Muniz.
"Não acho certo o prefeito fazer publicidade política da conversa que teve com Deus, acredito que as pessoas conversem com Deus, mas este é um momento particular e não deveria ser usado desta forma" finalizou o arcebispo.
Fonte: cadaminuto.com.br
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