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domingo, 28 de fevereiro de 2010

Valores Invertidos: Honestidade ou Corrupção?

Honesto é chamado de “otário” em Alagoas

Luiz Pompe *
Honestidade. É incrível como essa palavra virou motivo de chacota em Alagoas e em nosso País, principalmente nos meios políticos! O político (raro) que, resistindo a assédios, recusa-se a roubar o sofrido dinheiro popular é alvo de gozação entre os malfadados colegas. É ridicularizado, chamado de “otário”. Tudo porque se nega a compactuar com falcatruas e a meter a mão no que é coletivo.
Na trilha da desonestidade vem, necessariamente, a mentira, o desrespeito, a insensibilidade e ficam ausentes a solidariedade, a sensibilidade e o respeito a si mesmo e a todos.
Em Alagoas, exemplos fartamente oferecidos por homens públicos são, salvo exceções, assimilados pela juventude, traçando um panorama nada recomendável para o futuro do Estado. Espelhando-se na usura e no oportunismo dessa casta que consegue se eleger intimidando, comprando votos ou fraudando urnas, jovens cultuam, sem remorsos, atos como agredir pais, professores e idosos, praticar pequenos (e grandes) furtos, morrer e matar no trânsito por dirigir em velocidade extremada, e “segue o féretro”…
Ao lado de práticas costumeiras como descompromisso, desvio de verbas e outras formas de corrupção, o homem público de Alagoas (salvo raras exceções) não vê nenhum problema em desprezar a educação, a cultura e outros indispensáveis caminhos que levam à dignidade e ao bem-estar da comunidade.
Em meio a tanta bandalheira emergem sugestões que merecem atenção especial, como a alternativa de deseleger quem desonra o mandato. Consistiria no seguinte: os eleitores convocariam eleições revocatórias, questionando a manutenção do mandato de alguém e solicitando voto destituinte, deseleição, destituição. Infelizmente, esse direito inalienável ainda é pouco debatido no Brasil.
Enquanto passa impune essa caravana da corrupção permanece atual a frase pronunciada por Rui Barbosa em 1914 no Senado Federal:
“ De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”.

Ainda mais atuais são as palavras da poeta Elisa Lucinda:
Meu coração está aos pulos!
Quantas vezes minha esperança será posta à prova?
Por quantas provas terá ela que passar?
Tudo isso que está aí no ar: malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu dinheiro, do nosso dinheiro que reservamos duramente pra educar os meninos mais pobres que nós, pra cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais.
Esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.
Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova?
Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?
É certo que tempos difíceis existem pra aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.
Meu coração tá no escuro.
A luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e os justos que os precederam:
” – Não roubarás!”
” – Devolva o lápis do coleguinha!”
” – Esse apontador não é seu, minha filha!”
Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar. Até habeas-corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha visto falar, e sobre o qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará.
Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda eu vou ficar. Só de sacanagem!
Dirão:
“ – Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo o mundo rouba.”
E eu vou dizer:
”- Não importa! Será esse o meu carnaval. Vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos. Vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau.”
Dirão:
” – É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal”.
E eu direi:
” – Não admito! Minha esperança é imortal!”
E eu repito, ouviram?
IMORTAL!!!
Sei que não dá pra mudar o começo, mas, se a gente quiser, vai dar pra mudar o final.
Fonte: tudoglobal.com


* Luiz Pompe é jornalista e músico

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