Luiz Pompe
A falta de dentes não constrange o sorriso de seu Antonio dos Santos, um cortador de cana que aparenta ser octogenário e que ao longo de seus sofridos 57 anos nunca frequentou uma escola. O sorriso é triste quando ele, apontando para os cinco filhos maltrapilhos enfileirados diante de seu barraco de barro amassado, diz que nenhum deles estuda. São três meninas e dois meninos com idades entre 8 e 14 anos, todos, como o pai viúvo, cortadores de cana nos arredores de Rio Largo. A mulher morreu durante o último parto.
A triste sina dessa família é a mesma de, segundo o IBGE, 75% da população analfabeta de Alagoas, Estado que lidera o ranking do analfabetismo do país, abrigando mais de 20% da população acima de 15 anos sem saber ler e escrever e 624 analfabetos para cada grupo de mil habitantes.
A quem interessa, em Alagoas, cultivar tanta gente desinformada e despreparada para as novidades do mundo? A resposta para essa pergunta pode estar nos sucessivos resultados das urnas. Os poucos eleitos que honram o voto emergem, em geral, das cidades onde é menor o grau de exclusão educacional.
A miséria é um grande negócio para determinados grupos econômicos de Alagoas, onde o combate ao analfabetismo nunca é processado de maneira efetiva. Exemplo disso é o Programa Brasil Alfabetizado, que se processa de modo desigual em detrimento do Estado e que consumiu mais de R$ 2 bilhões dos cofres públicos defendendo a meta de “erradicar o analfabetismo no país”, mas que, após 8 anos de implantação, não conseguiu evitar que mais de 14 milhões de jovens e adultos continuassem analfabetos (o que equivale a um a cada dez brasileiros com 15 anos ou mais).
Em benefício dos resultados das urnas verificados a cada ano eleitoral, sete dos dez municípios mais pobres do Brasil estão em Alagoas. A fome, a mortalidade infantil, o trabalho duro nos canaviais e o analfabetismo caminham lado a lado com as ameaças das milícias e dos capangas, os abusos de autoridade e outras formas de “pressão”. Tudo para resultar no chamado “voto de cabresto”, tão comum nos rincões mais pobres do país.
O drama das famílias miseráveis desses rincões é tão intenso que sequer pode-se atribuir ao “voto de cabresto” a condição de “troca de favores”. Os “benefícios” recebidos por essa imensa quantidade de eleitores se resumem, quando muito, a migalhas insignificantes ou a promessas nunca cumpridas.
Qual seria então o caminho para que o seu Antonio dos Santos tenha dentes para esboçar um belo sorriso e que seus cinco filhos tenham boas roupas e dignidade? Afinal, determina a Constituição, direitos como esses são para qualquer cidadão!
Qual seria então o caminho para que o seu Antonio dos Santos tenha dentes para esboçar um belo sorriso e que seus cinco filhos tenham boas roupas e dignidade? Afinal, determina a Constituição, direitos como esses são para qualquer cidadão!
Qual seria a resposta mais adequada a essa pergunta? “Comentários” (abaixo) está à sua disposição para que você responda à sua maneira.
Fonte: tudoglobal.com/pompeexpressao
Caro Luiz Pompe,
ResponderExcluirPretendendo desenvolver um trabalho sério no combate ao analfabetismo,particularmente,na cidade de Rio Largo,(minha terra natal),estou iniciando levantamento de dados e informações sobre o tema.
ANALFABETISMO E POBREZA: A QUEM INTERESSA ESSA RELAÇÃO ?
EDUCAÇÃO NA TERRA DO "VOTO DE CABESTRO" JÁ RESPONDE EM PARTE A INDAGAÇÃO.
QUERO CRER, QUE TODOS SABEMOS,(OS RAZOAVELMENTE ALFABETIZADOS),EM ALGUMA MEDIDA,A QUEM INTERESSA UM POVO ANALFABETO E CONSEQUENTEMENTE POBRE E COMO TAL, DESPROVIDO DE SERVIÇOS BASICOS,
NECESSARIOS E INDISPENSAVEIS A VIDA.(QUERO DIZER:
VIDA COM UM MINIMO DE DIGNIDADE)
GOSTEI MUITO DO SEU TEXTO.
PARABÉNS