O senador Fernando Collor (PTB-AL) quer ser outra vez governador em Alagoas. Os aliados do ex-presidente vão na próxima terça-feira (4) a Brasília se encontrar com o ministro do Trabalho, Carlos Lupi - também presidente nacional do PDT -, para tentar convencê-lo a fazer com que o pedetista Ronaldo Lessa desista de disputar a eleição para o governo do Estado. Lessa é o atual pré-candidato apoiado pelo presidente Lula.
Pelas pesquisas de intenção de votos, Lessa aparece na primeira colocação entre a preferência do eleitorado. O atual governador, Teotonio Vilella Filho, é candidato à reeleição no Estado. Nessa pretensão de concorrer em Alagoas, Collor tem o apoio do líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros.
A reunião em Brasília na terça-feira entre Lupi e Collor foi confirmada pelo deputado federal Augusto Farias (PTB-AL), da Executiva Estadual da legenda, e pelo próprio Lessa. Ambos afirmaram que Collor pretende ser candidato.
Lessa disse conhecer a estratégia de Collor, mas avisou: não desiste da disputa. "Pode vir o João, o Manoel, o Fernando, o Benedito. Sou candidato ao Governo, com o apoio do presidente Lula e da ministra Dilma", afirmou. Hoje, Collor integra a mesma base política de Lessa.
A se confirmar a pré-candidatura do ex-presidente, a petista Dilma Rousseff corre o risco de, sem a desistência de Lessa, ter um palanque duplo no Estado, além de ser obrigada a apaziguar um racha na base de sustentação da candidatura da petista ao cargo máximo do Executivo nacional. Uma eventual desistência de Lessa e o consequente lançamento de seu nome para uma vaga no Legislativo federal deverá passar pelo crivo do ministro Lupi.
Políticos ligados a Collor têm esperanças de que ele venha a conseguir um sinal verde do Palácio do Planalto. O PT de Alagoas, porém, é radicalmente contra esse desejo: não quer Collor no palanque de Dilma. "O palanque de Dilma Rousseff em Alagoas, com o apoio do presidente Lula, é o de Ronaldo Lessa", disse o presidente estadual do PT, Joaquim Brito. "Tivemos um congresso em abril e foi unânime: não apoiaremos Collor sob nenhuma hipótese a nada", acrescentou o petista. Se a proposta for levada adiante, o pedetista já admite enfrentar Collor nas urnas.
Em janeiro, uma reunião entre o presidente Lula e o ex-governador retirou Lessa da disputa ao Senado, deixando o caminho livre para a reeleição do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), líder do partido no Senado. "O que o Fernando deseja é que o Lupi nos ajude a fazer uma possível retirada do Ronaldo da disputa ao Governo. Temos pesquisas internas que mostram uma demanda eleitoral maior em favor do Collor", explicou Augusto Farias. Augusto não divulgou números nem o instituto que realizou as tais pesquisas.
A decisão de Collor de buscar a candidatura é justificada pela movimentação dos tucanos no Estado. Nesta quinta-feira (29), o PP, que integrava o "chapão" alagoano - com Collor, Renan e Lessa -, decidiu se aliar à reeleição do governador Teotonio Vilela Filho (PSDB). O presidente estadual do PP, o deputado federal Benedito de Lira, disse apoiar Vilela, embora pretenda votar em Dilma. "Meu compromisso é com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma. Em Alagoas, com Teotonio Vilela Filho", disse Lira.
Além disso, depois do impeachment em 1992, Collor e Lessa disputaram duas eleições, sempre em lados rivais: em 2002, Lessa tentava a reeleição e Collor a vaga ao Governo. A vitória foi de Lessa. Em 2006, os dois voltaram a se enfrentar: Collor lançou-se a disputa ao Senado 28 dias antes da eleição e ganhou de Lessa.
Hoje, os dois estavam do mesmo lado. "Há dificuldades, tínhamos divergências e diferenças na política. O que une os projetos com Renan e Collor é a unificação das oposições contra o atual governo do Estado, que é reprovado pela população", explicou Lessa. "Não me surpreende ele querer ser candidato ao governo. Mas, não desisto da disputa", avisou Lessa.
Fonte: noticias.terra.com.br
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